Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo - disse meu pai - é uma carroça vazia.
Perguntei ao meu pai:- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu meu pai - É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz!
Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: "quando mais vazia a carroça, mais barulho ela faz..."
Texto de Wallace Leal V. Rodrigues(Trecho do Livro “E, para o resto da Vida...”)
Esta é uma homenagem a meu pai, que faria aniversario hoje se estivesse conosco.
Saudades da vida simples que tínhamos no interior.
Saudades de nossas longas caminhadas, dos passeios de domingo.
Saudades, saudades, saudades...
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