sábado, 26 de junho de 2010

REAPRENDENDO A ORAR

Clara foi criada em uma família cristã e frequentara a igreja durante toda sua infância e adolescência.

No entanto, desde o início de sua vida adulta, deixara de acompanhar seus familiares, pois sentia que a religião já não a tocava.

Nunca deixou de crer em Deus, mas, por muito tempo esteve longe de qualquer religião. Perdera o hábito de orar.

Abraçou uma profissão por vocação, e dedicava-se integralmente a ela, com trabalho diário e com estudo constante.

Amava sinceramente suas sobrinhas, a quem tratava como filhas. A mais nova era sua afilhada e costumava passar fins de semana com a tia a quem muito admirava.

Nessas ocasiões, antes de dormir, Clara a incentivava a fazer uma prece, pois sabia que, em sua casa, este era o hábito. Costumava ouvir atentamente a prece, mas permanecia em silêncio.

Certo dia, a sobrinha lhe telefonou, como de costume, mas, desta vez, não para conversar sobre as atividades do dia. A criança tinha a voz séria e disse-lhe: Tia, preciso lhe fazer uma pergunta.

Clara ouviu atentamente e, para sua surpresa, a voz de menina do outro lado perguntou: Tia, por que você não reza? Você acha que é errado?

Por alguns segundos Clara ficou em silêncio, refletindo sobre o que dizer àquela menina que ela tanto amava. Parecia ver o rosto da sobrinha com a expressão viva e interessada que lhe era característica.

Não queria faltar com a verdade, mas, o fato é que a menina a pegara de surpresa, pois ela nunca fizera esta pergunta a si mesma.

Então, respondeu: Não, minha querida, eu não acho errado.

Mas, então, insistiu a criança, por que você não reza?

Clara falou como se fosse para si mesma: Talvez eu não faça orações decoradas, mas isto não significa que eu não converse com Deus.

E como você conversa com Ele? - Continuou a menina.

Bem, respondeu a tia, eu acredito Nele, e sei que está comigo em tudo que faço.

Sempre que vou trabalhar com vontade e dedicação estou em sintonia com Ele. Todas as vezes que ajudo alguém, que respeito o próximo, que prezo o amor, estou em sintonia com Ele. Talvez este seja meu modo de orar.

Pode ser, disse a criança, mas acho que se você fechar os olhos e se concentrar Ele ouvirá melhor, pois não é bom falar com alguém sem prestar atenção.

Sim, você está certa, disse a tia, comovida com a sinceridade e com o interesse da criança.

Aquela conversa marcou Clara. Em muitos momentos ela repetiu aquela pergunta a si mesma. A partir daquele dia passou a acompanhar a oração da menina, e não apenas ouvir.

Algum tempo depois conheceu a Doutrina Espírita através de amigos. Frequentando os estudos e palestras acompanhava as orações e, lentamente reaprendeu a fazê-las, agora de modo espontâneo.

Aprendeu que orar é estar em sintonia com Deus, é louvá-Lo, é agradecer, é também pedir. E que, sem dúvida, é um momento especial no qual sempre somos beneficiados pelas boas vibrações que recebemos.

Não importa a religião a que se pertença, a oração é sempre uma oportunidade à nossa disposição.

Redação do Momento Espírita, baseado em fato

domingo, 6 de junho de 2010

LUCIDEZ

"O processo de evolução é o que todos buscamos. Consciente ou inconscientemente, não importa. Este é o caminho. Dependendo do meio em que vivemos ou nascemos fica mais fácil ou se torna mais complicado aprendermos a caminhar pelas nossas próprias pernas.

É óbvio que isso não é por um acaso. Tudo em nossa vida foi atraído por nós. Mas, como isso acontece?
Vou lhes dar alguns pontos para serem analisados e que desta forma poderão se tornar suas "pistas". Contudo, cabe a cada um escolher seguir, ou simplesmente abandonar sua pista.

Uma coisa é certa: um dia irá ter que prestar atenção em si mesmo.
O que realmente faz a diferença em uma vida são os valores que considero verdadeiros para a caminhada.
Para nos tornarmos efetivamente seres lúcidos, precisamos levar em consideração alguns pontos, os quais destaco:

Reencarnação. Admitir, ou achar que é uma grande besteira, tem tudo a ver com o que vou aceitar como possível em meus valores. Por que será que ela existe e qual a finalidade?

Dinheiro. Pode ser a causa ou a consequência de minha vida. Como o encaro ou o que faço com ele pode determinar o meu sucesso ou a minha derrota?

Desequilíbrio Financeiro. Será que sou vítima dos outros ou de mim mesmo?

Energia. O que é? Como ela nasce e de que maneira a produzo? Será que isso tem tudo a ver com os valores que vou aceitar como verdadeiros para a minha vida?

Sentimentos. Eu os administro ou me torno consequência deles? Será que isso interfere em minha vida? Como vivo tem a ver com o sentimento que eu produzo?

Símbolos. Para que servem no mundo espiritual e o que representam em minha vida atual?

Ser. Como me comporto frente a esta verdade? O que realmente significa SER?

Ter. Sei ter ou sou refém da matéria?

Religiões. O que são e como me comporto com referência a elas vai me permitir ver, ser lúcido ou apenas um seguidor cheio de bengalas?

Deus. Deus pai, deus energia ou simplesmente energia? Com qual destas opções vou pautar a minha vida?

Ateu. O que significa de fato ser Ateu?

Filosofia de Vida. Será suficiente para mim? Tenho que me apegar a mais coisas ou o que até aqui sei e como me comporto já basta?

Causa e Efeito. Será verdadeiro que minha vida é mesmo causa e efeito de meus valores e do que penso?

Livre-Arbítrio. O que acontece, e será que acontece mesmo alguma coisa em minha vida, quando interfiro no Livre-Arbítrio de outros seres vivos?

Fazer por agradar. Será que devo ser um ator no meu dia-a-dia e faço o que os outros querem que eu faça, ou anseio que me aceitem como sou?

Planeta Terra. O que estou fazendo aqui, nesta família, nesta sociedade, nesta cidade, neste emprego, neste Estado e neste País? O que este planeta representa no Universo e para que ele existe?

Saudades. Qual o melhor tipo de saudades? Quando a saudade é ausência?

Apego. O que acontece quando me apego demais às pessoas e às coisas materiais?

Posse. O que é efetivamente meu nesta vida?

Eu. Quem sou? O que sou?

Quando nós tivermos respondido a todas estas perguntas, iremos descobrir quem é e o que estamos fazendo neste planeta ..."

Autoria de Saul Brandalise

São muitas perguntas sem respostas, mas que possamos ser grato a vida por tudo que temos recebido.





quarta-feira, 2 de junho de 2010

INDIFERENÇA

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles