quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

AS DUAS FACES

Afirma-se que um famoso pintor do renascimento, quando pintava um quadro sobre o menino Jesus, após conceber e fazer os primeiros estudos, procurou uma criança que lhe servisse de modelo para a face do Mestre, na infância.
Procurou em muitos lugares até encontrar um pequenino sujo, que brincava nas ruas.
O menino retratava no olhar e na face toda a pureza, bondade, beleza e ternura que se podia conceber.
Explicou-lhe o que desejava e, ante a autorização da família, levou-o para posar no seu atelier, retribuindo-lhe o trabalho com expressiva soma em moedas de ouro.
Anos depois, o artista desejou pintar outro quadro. Dessa vez iria retratar Judas.
E saiu em busca de alguém que pudesse lhe oferecer o rosto do traidor.
Em mercados e praças públicas, tavernas e antros de costumes perniciosos por onde esteve à procura, não encontrou ninguém que se assemelhasse, em aparência, ao discípulo equivocado.
Já havia desanimado de procurar e pensava em desistir, quando, visitando uma taberna de má qualidade, se deparou com um delinqüente embriagado, em cujo olhar e semblante se encontravam os conflitos do traidor, conforme a concepção que dele fazia.
A barba endurecida, a cabeleira mal cuidada, eram a moldura para o olhar inquieto, desconfiado, num rosto contorcido pelo desconforto íntimo, formando um conjunto de dor e revolta, insegurança e arrependimento ímpares.
Comovido com o fato, o artista convidou aquele homem para posar, ao que ele respondeu que só faria sob a condição de boa recompensa financeira.
O pintor começou a obra e percebeu, após algumas sessões, que a face congestionada daquele homem se modificava a cada dia, perdendo a agressividade e a perturbação.
Um dia resolveu perguntar ao modelo o porque de tal transformação, ao que ele, um tanto melancólico, respondeu: Posando nesta sala, recordo-me que há alguns anos atras, eu servi ao senhor de modelo para a face do menino Jesus...
Eu sou aquele garoto em cujo rosto o senhor encontrou a paz e a beleza do Justo traído...
O dinheiro que ganhei, em face da minha imaturidade, mais tarde pôs-me a perder e, de queda em queda, numa noite em que me embriaguei, por uma disputa insignificante matei outro homem.
Condenado num julgamento arbitrário, envenenei-me de ódio... Agora, pisando neste lugar outra vez, recordo daquele tempo e retorno, emocionalmente, a Ele, e me acalmo...
Paradoxalmente, o mesmo indivíduo ficou retratado na face de Jesus menino e de Judas, em duas fases diferentes da mesma vida. *** Muitos de nós, simbolicamente, temos os nossos dias de traído e de traidor. Dias em que trazemos na face a expressão da bondade e da ternura.
E dias em que somos o retrato vivo do desespero. É nesses dias difíceis que devemos buscar, emocionalmente, a serenidade dos dias de luz e seguir em frente com vontade de imprimir, de vez por todas, a face justa e bela do nosso modelo maior, que é Jesus Cristo.
Autor:(Adaptação do cap. 28 do livro Seara do Bem.)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL

O Brasil é um país de inúmeras festas.
É assombroso o número de feriados no calendário anual. Mas, se somarmos os dias que são emendados, teremos ao longo do ano, mais de quinze dias parados.
Segundo especialistas do assunto, os prejuízos são enormes para o País. Agora, nesta época, temos o feriado de carnaval.
Em alguns lugares perde-se mais de uma semana de trabalho.
É o festejo da alegria num País de quase 40 milhões de miseráveis.
Desde o início de janeiro a mídia vem explorando as folias de Momo, como se fosse o acontecimento mais importante do ano. Fala-se em alegria, festa, colocar para fora as angústias contidas durante o ano passado.
Infelizmente os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões.
Ligamos a televisão e ouvimos a batida repetitiva das escolas de samba, cujo valor folclórico e cultural foi lentamente sendo perdido.
Há muita gente que busca fazer do carnaval um momento de esperança, oportunizando empregos, abrigando menores e isso é muito valioso. Entretanto, o grande saldo da festa se resume em duas palavras: ilusão e sensualidade.
Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos. A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso contraste entre a beleza da avenida e a subvida dos barracos.
Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos corpos desnudos e aparentemente felizes por fora, mas muitas vezes profundamente infelizes por dentro.
As emissoras não cansam de exibir os bailes, os concursos de fantasias, os desfiles, levando-os a todos os que se comprazem em observar a loucura.
Mas, ao longo do caminho, multiplicam-se os doentes de Aids, os abortamentos, a pobreza e o abandono, a violência.
Com o risco de sermos taxados de moralistas, num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não podemos deixar de analisar criticamente esses disparates do mundo brasileiro. Em nenhum momento nos colocamos contra a alegria. Porém, será justo confundir euforia passageira com alegria real?
Alegria de verdade seria viver num lugar onde não houvesse fome, violência, tráfico de drogas e tráfico de influências.
Não podemos nos colocar contra o alívio de tensões. Entretanto, alívio real seria encontrar um caminho para os graves problemas pelos quais o País atravessa.
O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. De um lado, as falsas aquisições sociais de alguns, negadas pela agressividade de muitos; de outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e 361 dias de novas e renovadas angústias. Vale a pena?
Nestas horas, pessoas embriagadas, perdidas, usam um segundo de falso prazer, em troca de um enorme tempo de arrependimentos. Por quê? - perguntamos.
As pessoas pulam, vibram, e nem ao menos sabem o motivo da festa. Vão porque as outras pessoas também vão.
Enquanto a sociedade agir desta forma, sem personalidade digna, dando valores justamente aos desvalores, as pessoas continuarão sofrendo as conseqüências de seus próprios atos.
Vamos fazer destes dias de feriado, dias de alegria verdadeira, em paz conosco mesmos.
Vamos meditar, ler, pensar. Vamos conviver com nossa família e amigos, trocar idéias salutares. Vamos orar também por aqueles que ainda não tiveram consciência de fazer o bem conforme o Cristo nos recomendou, e padecem nestes instantes de euforia descontrolada.
Autor:Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

SABEDORIA DE TERESA DE CALCUTÁ

Devemos nos acostumar com o silêncio da alma, dos olhos e da boca.
Tudo começa com a prece que nasce do silêncio do coração.
Silêncio do coração, não somente da fala: ambos são necessários.
Então você poderá ouvir a Deus em todo lugar: no fechar de uma porta, na pessoa que precisa de você, nos pássaros, nas flores, nos animais, aquele silêncio que é maravilha e louvor.
Se prestarmos atenção ao silêncio, será fácil orar.
Há muita conversa, muita repetição, tanto no que se pensa, fala e no que se escreve.
Estando só ou acompanhado, procure a Deus no silêncio. É lá que acumulamos o poder interior, que o distribuímos pela ação, utilizando-o tanto nas tarefas menores quanto nas nossas horas de maior sofrimento.
É muito difícil conseguir o silêncio interior, mas precisamos fazer um esforço.
No silêncio encontramos energia nova e unidade verdadeira para fazer todas as coisas bem feitas. Se você deseja sinceramente aprender a orar, mantenha-se em silêncio.
Se uma criança ainda não foi desvirtuada e ainda não aprendeu a mentir; ela dirá tudo.
É o que quero dizer quando me refiro a ser tal qual uma criança.
Como aprendemos a orar? Orando.
Precisamos ajudar a nós mesmos a aprender.
Você pode orar a qualquer hora, em qualquer lugar; não é necessário estar em uma igreja.
Ame a prece.
Para ser melhor, é preciso orar mais.
Quanto mais você ora, mais fácil se torna orar e, quanto mais fácil, mais você rezará.
Você pode orar enquanto trabalha.
O trabalho não interrompe a prece, tampouco a prece interrompe o trabalho.
Devemos todo dia renovar nosso propósito e mover-nos com fervor, como se fosse o primeiro dia do nosso despertar.
Oração: Senhor, dá-me a Graça real e verdadeira todo dia, pois o que tenho feito até agora é nada.
Ofereça-se completamente a Deus.
Ele o utilizará para realizar grandes coisas, com a condição de que você acredite muito mais no amor d'Ele do que nas próprias fraquezas.
Nossas palavras são inúteis, a não ser que venham do fundo do coração.
A prece é uma alegria. Oremos uns pelos outros, pois essa é a melhor forma de amar uns aos outros.
Esperamos impacientemente pelo paraíso de Deus, mas nós temos em mãos o poder de estar no paraíso aqui e agora.
Estar feliz com Deus significa amar como Ele ama, ajudar como Ele ajuda, doar como Ele doa, servir como Ele serve.
Texto extraído do Jornal Sinais de Figueira/MG - número 17 - janeiro a junho 2009