quarta-feira, 26 de junho de 2013

OS SONS INAUDÍVEIS

Um rei mandou o filho estudar no templo de um famoso Mestre, com o objectivo de o preparar para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o Mestre mandou-o sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta.

Quando o príncipe voltou ao templo, um ano depois, o Mestre pediu-lhe para descrever todos os sons que conseguira ouvir.
Então disse o príncipe: - Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa a bater na relva, o zumbido das abelhas, o barulho do vento a cortar os céus...

Quando terminou o relato, o Mestre pediu que o príncipe voltasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do Mestre, e comentou para si mesmo: - Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta!

Por dias e noites ficou sozinho aouvir, a ouvir, a ouvir... mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz e pensou: - Estes devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse.

Sem pressa, ficou ali a ouvir pacientemente. Queria ter certeza de que estava no caminho certo. Quando voltou ao templo, o Mestre perguntou o que mais conseguira ouvir.
Respeitosamente o príncipe disse: - Mestre, quando prestei atenção, pude ouvir o inaudível som das flores a abrirem, o som do sol a nascer e a aquecer a terra e da relva a beber o orvalho da noite.

O Mestre sorriu, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse: - Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, os seus sentimentos mudos, os medos não confessados e as queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança à sua volta, entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um.

"A vida contrai-se ou expande-se proporcionalmente à coragem do indivíduo."

 (Anais Nin, escritora francesa)

Texto de Maria Luísa Alburquerque
 
Enviado por Marcelo Pagliarim 

 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

SE VOCE AMA, DIGA QUE AMA

Se você ama, diga que ama. Não tem essa de não precisar dizer por que o outro já sabe. Se sabe, maravilha… mas esse é um conhecimento que nunca está concluído. Pede inúmeras e ternas atualizações. Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver contando moedinhas de afeto. Há amor suficiente no universo. Pra todo mundo. Não perdemos quando damos: ganhamos junto. Quanto mais a gente faz o amor circular, mas amor à gente tem. Não é lorota. Basta sentir nas interações do dia-a-dia, esse nosso caderno de exercícios.
Se você ama, diga que ama. A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir. É música de qualidade. Tão melodiosa, que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sentimos uma vontade imensa de pedir: diz de novo? Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração e outra, sem brecha para se encontrar esconderijo na justificativa de falta de tempo. Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, com a bobagem do só-digo-se-o-outro-disser, com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas defesas que a gente cria ao longo do caminho e quando percebe mais parecem uma muralha. Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida. De nós mesmos. Do amor.
Se você ama, diga que ama. Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um lugar de encontro. Diga a sua gratidão. O seu contentamento. A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepare surpresas. Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá…

(Ana Jácomo)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

MILHO BOM

" Esta é a história de um fazendeiro que venceu o prêmio "milho-crescido".

Todo ano ele entrava com seu milho na feira e ganhava o maior prêmio.Uma vez um repórter de jornal o entrevistou e aprendeu algo interessante sobre como ele cultivou o milho.

O repórter descobriu que o fazendeiro compartilhava a semente do milho dele com seus vizinhos.

"Como pode você se dispor a compartilhar sua melhor semente de milho com seus vizinhos quando eles estão competindo com o seu em cada ano ?" - perguntou o repórter.

Por que?" - disse o fazendeiro, - "Você não sabe ? O vento apanha pólen do milho maduro e o leva através do vento de campo para campo. Se meu vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará continuamente a qualidade de meu milho. Se eu for cultivar milho bom, eu tenho que ajudar meu vizinhos a cultivar milho bom".

Ele era atento às conectividades da vida. O milho dele não pode melhorar a menos que o milho do vizinho também melhore.

Assim é também em outras dimensões. Aqueles que escolhem estar em paz devem fazer com que seus vizinhos estejam em paz. Aqueles que querem viver bem têm que ajudar os outros para que vivam bem. E aqueles que querem ser felizes têm que ajudar os outros a achar a felicidade, pois o bem-estar de cada um está ligado ao bem-estar de todos.

A lição para cada um de nós se formos cultivar milho bom, nós temos que ajudar nossos vizinhos a cultivar milho bom."

(desconheço autoria)