domingo, 11 de agosto de 2013

QUANDO NÃO SOMOS COMPREEDIDOS


Você já notou que algumas vezes somos muito mal interpretados?
E que isso pode acontecer com pessoas muito próximas, justamente aquelas que mais queremos agradar?
Pois bem, nem sempre falar tudo funciona, assim como ficar em silêncio também. Conheci uma senhora que amava muito a filha e que quando a moça se casou, para não atrapalhar, afastou-se. Sabendo do temperamento difícil do genro, ela imaginou que se ficasse longe ajudaria no entendimento do casal.
Aliás, vale a pergunta: por que um casal jovem, com tudo pela frente, começando uma vida junto, encontra dificuldades em se "entender"?

Vamos compreender que a atitude da mãe era de fato muito bem intencionada. Mais velha, mais experiente, imaginou que os dois tinham que passar por suas experiências e vencer suas questões. Como de fato a vida deve ser, com cada um de nós tendo que olhar para si mesmo, melhorar, caminhar no aprendizado emocional, sustentar-se, mas nem sempre as pessoas, os casais vão se entender.
É incrível a quantidade de gente que se ama, mas que não se afina, porque casamento é uma espécie de sinfonia, onde cada um com sua história, com sua família, hábitos, costumes, desejos e sonhos deve buscar se afinar com o parceiro que também vem carregado de tudo isso. E é claro que nem toda "carga" é saudável. Infelizmente, muita gente bonita carrega dores emocionais intensas e tem medo de se tratar, de abrir-se, de mostrar o que sente. E este era o caso do genro dessa senhora.

Dedicada à espiritualidade, budista de religião, ela buscou conforto nas orações, fez mantras para aliviar o karma, mas as histórias da filha e da família não melhoraram muito por conta desse seus esforços. Ao contrário, a moça ficou sofrendo sozinha, sem ela saber. A situação clareou quando um dia a mãe, tomando coragem, contou para a filha de um sonho, que falava do desencontro. A filha aproveitando a oportunidade se abriu e contou de todo tormento com o marido.
A mãe ficou surpresa com tantas histórias tristes, agressivas, e ainda com receio, sugeriu que a filha se separasse.
Seria uma intromissão? Teria ela direito de fazer uma sugestão dessas, aparentemente politicamente incorreta? Mas o que fazer... deixar passar? Deixar de mostrar um caminho?
Claro que a solução não é simples, porque nenhuma separação é simples. Envolve pessoas, escolhas, dinheiro, filhos, família, mas em alguns momentos é preciso falar, mostrar-se e correr o risco de errar também.

Isso também vale com amigos. Seguindo o bom senso, não podemos falar tudo para as pessoas, existem regras de educação, de convivência e não temos o direito de falar tudo, mas em alguns momentos, mesmo correndo o risco de errar, e até de perder a amizade, algumas coisas devem ser faladas. E aí o que o outro decidir é por conta e risco dele.

A vida é cheia de situações assim, onde não temos certeza, onde não sabemos direito para onde ir, como agir, como fazer, e não há regras fixas. Às vezes, aquilo que é perfeito na dinâmica de um relacionamento, não se aplica ao outro. Por isso, casamento não é fácil. São mundos diferentes que buscam harmonia. Às vezes, as pessoas se juntam no fogo da paixão, e depois quando passa esse momento fugaz e surgem as arestas da convivência, o que é natural, a relação não se sustenta. Isso pode acontecer também na amizade, em trabalhos, e até em cursos, atividades que assumimos, e depois não queremos mais.
Mudar todo mundo pode. Ninguém é obrigado a ficar a vida toda de um jeito. As coisas mudam mesmo, as pessoas evoluem, aprendem, fazem novas escolhas, então, não se prenda às regras com medo de fazer de outro jeito e errar. Se for para falar, mostrar o que você pensa, fale sabendo que pode errar.
Mas, afinal, qual o problema de errar?

O ponto que devemos ponderar é estar em paz com nossa consciência, e tentar respeitar os outros, porém, sem abafar nossos sentimentos.
Este caso em especial, está em andamento, a filha está em paz com a mãe, o que é o mais importante, e a mãe está se mantendo em equilíbrio, porque sabe que seu estado harmonioso é o maior apoio que pode oferecer à filha.
Compreensão é a expansão do amor, que às vezes se faz em palavras, em outras, acontece no silêncio, e que Deus nos ilumine mostrando a hora certa de falar ou calar.
(Maria Silva Orlovas)

domingo, 4 de agosto de 2013

DESCULPE O TRANSTORNO. ESTOU EM CONSTRUÇÃO

Durante a nossa vida causamos transtornos na vida de muitas pessoas, porque somos imperfeitos.
Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas, falamos sem necessidade, incomodamos.
Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente. Mas agredimos. Não respeitamos o tempo do outro, a história do outro. Parece que o mundo gira em torno dos nossos desejos e o outro é apenas um detalhe.
E, assim, vamos causando transtornos. Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção. Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma.
O outro também está em construção e também causa transtornos. E, às vezes, um tijolo cai e nos machuca. Outras vezes, é o cal ou o cimento que suja nosso rosto. E quando não é um, é outro. E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco também têm de fazer.
Os erros dos outros, os meus erros. Os meus erros, os erros dos outros.
Esta é uma conclusão essencial: todas as pessoas erram. A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade humana e cristã: o perdão.
Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras. É compreender que os transtornos são muitas vezes involuntários. Que os erros dos outros são semelhantes aos meus erros e que, como caminhantes de uma jornada, é preciso olhar adiante. Se nos preocupamos com o que passou, com a poeira, com o tijolo caído, o horizonte deixará de ser contemplado. E será um desperdício.
O convite que faço é que você experimente a beleza do perdão.
É um banho na alma! Deixa leve!
Se eu errei, se eu o magoei, se eu o julguei mal, desculpe-me por todos esses transtornos… Estou em construção!

(Gabriel Chalita)