segunda-feira, 9 de maio de 2011

AMOR DE MÃE

Segundo sabemos, o Dia das Mães nasceu nos Estados Unidos, em 1908, no Estado da Virgínia, por inspiração e iniciativa da senhorita Ana Jarvis. Oficializou-se no Brasil em 1932.

Feliz idéia de Miss Jarvis! Justa homenagem à “Rainha do Lar”, não obstante os homens haverem tisnado a pureza do evento, com sua proverbial voracidade mercantilista.

O amor de mãe é uma das muitas manifestações divinas que excedem ao entendimento humano. Aliás, que seria da Humanidade e de sua perpetuação no Planeta, se não fora o sustentáculo desse amor?

Talvez, porcentagem esmagadora daqueles que descem à carne não sobreviveria se Deus, em Sua Infinita Sapiência e Bondade, não colocasse esse “anjo guardião” para nos amparar nos primeiros anos de nossa infância, frágil e indefesa!

Vale considerar que existem muitas mães que não expressam essas características de anjo tutelar, mas isso é exceção da regra, constituindo a minoria.

O amor maternal está no rol dos grandes mistérios divinos que desafiam explicações nascidas de malabarismos intelectuais. Aliás, nenhuma das ciências humanas poderá explicar, satisfatoriamente, essa manifestação a que denominamos Amor. Talvez seja porque os recursos de nossa mente não ultrapassam o plano das relatividades, enquanto o amor deve ser algo que nos alcança, vindo de uma dimensão mais alta, do absoluto, fora do armazém de informações a que chamamos mente. É aquele algo sentido e não explicado. É o sentir independente do saber.

Quis o Senhor, em Sua Infinita Sabedoria e Bondade (se assim nos permitem conjeturar), que toda a Sua criação estivesse amparada e garantida pelo desvelo maternal, em todos os segmentos da vida.

Temos, pois, no amor de mãe, a garantia da sobrevivência de todas as espécies de vida animal que evoluem na Terra. Amor de mãe – Oh mistério de Deus! Quem poderá explicar, satisfatoriamente, por que a ave chororó morre tentando, inutilmente, apagar com o bater de asas o fogo da queimada que vai reduzir a cinzas seus filhotes no ninho? Por que a galinha investe, em luta desigual, contra o predador que vem devorar seus pintinhos? Por que animais temíveis como a pantera, a leoa, a loba e muitos outros trocam seus violentos instintos carnívoros por atitudes de extrema ternura para com a prole?

A diferença é que a proteção, o alimento, o agasalho e o carinho materno nos animais não ultrapassam o tempo apenas necessário a que seus filhotes aprendam a se cuidar, enquanto nos humanos, o amor materno é aquela eterna bênção divina, agasalhando os filhos por toda a vida terrena, com seqüência na Pátria Espiritual.

A literatura espírita é pródiga em exemplos de continuidade do amor materno no Mundo Espiritual. Dentre muitos casos, citamos apenas um contido no livro Libertação, de André Luiz: (ed. FEB):

Matilde é o nome da mãe sublimada. Residindo em altas esferas espirituais, jamais se despreocupou do filho, o temível sacerdote Gregório, líder de poderosas organizações criminosas nos planos espirituais inferiores. Separada desse filho amado há alguns séculos, conseguiu, graças à força de seu divino amor, recuperá-lo para as hostes do Cordeiro, com orações constantes e a colaboração de muitos Espíritos amigos.

Neste mundo expiatório, onde o crime, o vício e as degradações proliferam infrenes, o amor maternal aí está para minimizar os sofrimentos, servindo, consolando, fortalecendo, aconselhando e, não raro, consumindo-se até o último alento, em benefício de filhos que optaram por caminhos tortuosos. Graças às condições de atraso moral de nosso mundo, o número de lares onde as mães podem desfrutar as venturas de conviver com filhos equilibrados, carinhosos e reconhecidos ainda é bem menor do que o número de lares onde imperam a indiferença, o egoísmo, a impiedade e a ingratidão para com os desvelos maternos.

Quantas mães, justo no dia em que são homenageadas, estarão visitando os filhos que cumprem penas nos presídios? Quantas convivem, heroicamente, com o infortúnio de cuidar de filhos deficientes pelo resto de suas vidas? Quantas outras, no Dia das Mães, despedaçam seus corações, com saudades das filhas queridas, agora residindo em antros de prostituição? Não se pode esquecer também das mães viúvas, por vezes sustentáculos de famílias numerosas, trabalhando horas excessivas até à exaustão, para que não falte o dinheiro do aluguel, o alimento, os estudos dos filhos, etc.

Não são raros os casos de mães que, lutando sozinhas, conseguiram formação superior para filhos que, pouco tempo depois de receberem seus diplomas, perderam suas heróicas benfeitoras, exauridas pelos esforços constantes. A vida dessas heroínas é semelhante à da árvore generosa, sempre renovando a safra de frutos para servir à família.

Todos temos muitos amores em nossas vidas: amamos o torrão onde nascemos; amamos nossos animais domésticos, nossos amigos e, de certo modo, até os nossos inimigos, evitando revides e vinganças.

Mas, tudo isso não passa de amores menores, em cujo exercício dificilmente chegamos aos exemplos sublimados da renúncia da própria vida, qual ocorre com o amor de mãe, exceção feita, repetimos, às que escapam a esse comportamento.

Sem exagero, podemos afirmar que, abaixo do Amor de Deus e do Amor Universalista pregado e exemplificado por Jesus, o amor de mãe pode ocupar o terceiro lugar: Amor de Deus, Amor de Jesus e Amor de mãe.

Dia virá em que esse amor deixará de estar confinado ao núcleo familiar, tornando-se prática comum e espontânea entre todos os homens. Nesse porvir, a Terra será um mundo venturoso! Jesus, do alto da cruz, profetizou esses tempos felizes, olhando para João e recomendando a Maria – “Mulher! Eis aí teu filho”, isto é, veja em cada homem um filho amado. Depois, dirigindo-se a João – “Eis aí tua mãe”, como a lhe dizer: – Veja em cada mulher uma progenitora querida.

As mensagens que os Espíritos nos enviam homenageando as mães quase sempre enfocam os dramas pungentes daquelas que tiveram suas vidas repletas de sacrifícios e consumidas pelas ingratidões dos filhos. Tais poemas nos levam às centenas de milhares de mães que habitam localidades misérrimas, que proliferam nos países do chamado Terceiro Mundo.

No Dia das Mães, para homenagear as rainhas de todos os lares, principalmente as heroínas crucificadas pela indiferença dos filhos, escrevemos este artigo.

(Adolpho Marreiro Júnior)

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